quarta-feira, 24 de junho de 2009

PROBLEMA DE QUEM?

Quando o STF derrubou a obrigatoriedade do diploma para o exercício da profissão de jornalista, na semana passada, pensei logo no título que tinha dado a esse blog. Muito apropriado, não? Esperei um pouquinho, para digerir a decisão, e hoje resolvi mandar um e-mail aos amigos com o conteúdo que repito, em parte, neste post.

Embora eu concordasse plenamente com a necessidade de uma modificação nas regras e nos cursos de jornalismo, me parece que a decisão do Supremo traz mais danos que benefícios à categoria e à sociedade. Nas grandes cidades e grandes empresas - o que reflete meu caso -, muda nada ou quase nada, pelo menos de imediato. No interior do país, no entanto, onde as relações de poder comprometem o avanço da cidadania de Norte a Sul do país, me parece profundamente lastimável que "qualquer um" possa fazer jornais. Imaginem, então, a quem beneficia, de fato, a derrubada da exigência do diploma.

Ainda há muito que se pensar e fazer para minimizar os efeitos da decisão, que está sendo até elogiada por organismos internacionais que parecem desconhecer o primitivismo das relações de poder no Brasil que está distante das metrópoles. Imaginem o que será se cada prefeito puder "fabricar" o editor do jornal local, independente de formação superior específica ou não. Pensem o que isso pode significar em termos de qualidade de informação e de texto, comprometimento político da informação veiculada e apropriação da "verdade".

Acho que o jornalismo contribuiu profundamente para o avanço da consciência cidadã, especialmente nos últimos 40 anos. O jornalismo de qualidade teve papel importantíssimo para a redemocratização do país, para a consolidação dos direitos cidadãos e de consumo e, dia após dia, para a moralização das instituições públicas brasileiras. Os jornalistas mostraram e ajudaram a mudar a cara desse país, se colocando na linha de frente de uma batalha que é de toda a sociedade.

Assim, como todos fazem parte dessa sociedade, nada mais justo que levar a vocês uma reflexão que também não é só nossa, dos jornalistas.

Deixo claro que minha intenção não é disseminar uma opinião sobre o assunto, até porque acho que ainda é cedo para isso e admito que há, sim, bons jornalistas não diplomados - embora os considere uma genial minoria. Minha intenção, no entanto, é convidar todos a pensar sobre o assunto.


Abaixo, texto do jornalista Alberto Dines sobre o assunto. Boa leitura!


DIPLOMA DESNECESSÁRIO
Uma decisão danosa

Por Alberto Dines em 18/6/2009

Difícil avaliar o que é mais danoso: a crítica do presidente Lula à imprensa por conta das revelações sobre o comportamento do senador José Sarney (PMDB-AP) ou a decisão do Supremo Tribunal de eliminar a obrigatoriedade do diploma para o exercício do jornalismo. São casos diferentes, porém igualmente prejudiciais à fluência do processo informativo. E exibem a mesma tendência para o sofisma, a ilusão da lógica.
Fiquemos com a decisão do STF. Embora irreversível, não é necessariamente a mais correta, nem a mais eficaz. A maioria do plenário seguiu o voto do presidente da Corte, Gilmar Mendes, relator do processo, que se aferrou à velha alegação de que a obrigatoriedade do diploma de jornalista fere a isonomia e a liberdade de expressão garantida pela Constituição.
Para derrubar esta argumentação basta um pequeno exercício estatístico: na quarta-feira em que a decisão foi tomada, nas edições dos três jornalões, dos 29 artigos regulares e assinados, apenas 18 eram de autoria de jornalistas profissionais, os 11 restantes eram de autoria de não-jornalistas. Esta proporção 60% a 40% é bastante razoável e revela que o sistema vigente de obrigatoriedade do diploma de jornalismo não discrimina colaboradores oriundos de outras profissões.
No seu relatório, o ministro Gilmar Mendes também tenta contestar a afirmação de que profissionais formados em jornalismo comportam-se de forma mais responsável e menos abusiva. Data vênia, o ministro-presidente da Suprema Corte está redondamente enganado: nas escolas de jornalismo os futuros profissionais são treinados por professores de ética e legislação e sabem perfeitamente até onde podem ir.
É por isso que na Europa e Estados Unidos onde não existe a obrigatoriedade do diploma de jornalismo, são as empresas jornalisticas que preferem os profissionais formados em jornalismo, justamente para não correrem o risco de serem processadas e punidas com pesadas indenizações em ações por danos morais.
O STF errou tanto no caso da derrubada total da Lei de Imprensa como no caso do diploma. E foi induzido pela mesma miopia.

sábado, 11 de abril de 2009

QUER QUE DESENHE?

É isso mesmo! Quando a gente quer explicar uma coisa e o interlocutor não entende "nem por reza brava", dá vontade de perguntar se ele quer que desenhe, né? A mesma coisa acontece com um vídeo. Depois de fazer a sinopse e o roteiro, chega a hora do storyboard, que nada mais é que um esboço (mal) desenhado do que você pretende que seu vídeo seja.
Assim fica ainda mais claro qual é o seu objetivo final.
Postar o storyboard aqui foi um exercício de humildade! Hahahaha! Isso porque eu desenho mal pra caramba, em primeiro lugar. Em segundo lugar, não tenho scanner. Ah, mas também não desisto fácil! Depois de desenhar e passar canetinha (pra ficar mais forte), fotografei meu storyboard - que também é uma forma de digitalizá-lo. Editei a foto no Infraview - lição já aprendida e aí está!



Tá bom, pessoal, eu desenho mal... já sei. Mas garanto que, no vídeo, fica bacanérrimo!
As imagens já estão aqui, já baixei as músicas que quero usar e, agora, só falta convencer o MovieMaker a não travar enquanto eu edito (tarefa que, confesso, está sendo a mais difícil).
De qualquer forma, pelo que está aí já dá pra ter uma boa idéia do que eu testemunhei no amanhecer da sexta-feira da Paixão de 2009, né? O vídeo chega aqui assim que eu conseguir dominar os problemas técnicos.
Boa Páscoa a todos!

RECEITA DE BOLO

Depois de elaborar a sinopse, é hora de fazer o roteiro, que é uma espécie de plano do vídeo. Nele, a gente coloca tudo que vai ter, com uma contagem de tempo previsto e o máximo de detalhes sobre o que vamos colocar em cada cena. O objetivo é facilitar o trabalho, uma vez que, lendo o roteiro, já se tem uma boa idéia do que virá no vídeo. É como uma receita de bolo. Você abre, lê, busca os ingredientes e segue o modo de fazer. Direitinho, assim, não tem erro! Quer ver só?


PAIXÃO DOS HOMENS - ROTEIRO

00:00:00
Abertura:
Tela preta com o nome do filme “Paixão dos Homens” passando em fade para imagens abertas da fila de espera da doação de peixes na manhã de Sexta-feira da Paixão, no Bairro Bonfim, em Belo Horizonte. Som de fundo: Música “Milagre dos Peixes”, de Milton Nascimento.
Imagens captadas com uma câmera Canon-A620.
OFF: A sexta-feira da Paixão começa mais cedo para os pobres de Belo Horizonte. Para alguns deles, um dia antes, quando chegam para garantir lugar na fila da distribuição gratuita de peixes. A iniciativa já está em seu décimo-sétimo ano e, dessa vez, a primeira da fila foi Cleide Valdete Gomes, de 49 anos, moradora do Bairro Castanheiras.

00:00:32
Entrevista com Cleide Valdete Gomes (na cadeira de rodas), que chegou ao local no dia anterior, às 10h da manhã. Ela conta quando chegou, quem veio com ela e quantas pessoas vão comer, juntas, o peixe que levarão dali. Plano americano.

00:01:30
Cena da cadeira de rodas de Cleide Valdete Gomes sendo empurrada para dentro do galpão onde os peixes são doados e corte para ela, ao sair, com o peixe na mão, dizendo que está muito feliz.

00:01:55
Cena do momento em que a fila da esquerda é liberada para entrar no galpão. Pela portinha monitorada por policiais militares, entra um de cada vez e a fila toda anda, do lado de fora, encostada aos muros dos edifícios.
OFF: Depois dos muito idosos e dos portadores de deficiência, é a vez de a fila única andar. Pessoas de toda parte da cidade e até das cidades vizinhas comparecem para incrementar o almoço da sexta-feira da Paixão. Muitos trazem parentes, para voltar para casa com mais peixes e a maioria passou a noite na rua, esperando a distribuição das senhas.

00:02:30
Imagens internas do galpão, na linha de distribuição dos sacos com os peixes.
OFF PROSSEGUE: Cada pessoa tem direito de receber dois quilos de sardinha ou cavalinha. A fila anda rápido, todos tem pressa de voltar para casa. Segundo o empresário que faz a doação, os peixes vem de Cabo Frio, litoral do Rio de Janeiro, e a caridade é uma lição aprendida com os avós.

00:03:00
Entrevista com o empresário Afonso Teixeira, que se diz muito comovido em poder fazer a caridade da doação. Plano americano.

00:03:20
Cenas de pessoas saindo do galpão, felizes, com os peixes nas mãos.
OFF: Receber o peixe de graça é como uma unção divina. O sacrifício da noite dormida na rua se dissipa. A solidariedade, na sexta-feira santa, ganha conotação religiosa e comove até quem está ali para garantir a ordem

00:03:40
Entrevista com o Sargento Lino Costa, que diz que participa do evento pela terceira vez e que considera muito gratifcante estar ali (plano americano). Lino conta ainda que a maior dificuldade é que idosos e portadores de deficiência são conduzidos ao início da fila, mas algumas pessoas não aceitam isso.

00:04:00
Imagens gerais da fila andando.
OFF: Sexta-feira, 10 de abril de 2009. Como num passe de mágica, a Paixão dos Homens termina na saída da fila do peixe... para recomeçar, provavelmente, logo após o almoço.
Sobe o som: "Pescador de Ilusões", de O Rappa.
Sobem os créditos do documentário.

UM BREVE RESUMO

O último exercício do curso Jornalismo 2.0 é a produção de um documentário em vídeo. Mas se engana quem pensa que produzir um documentário começa ao ligar a câmera. Ah, mas não é mesmo! E o primeiro passo é produzir a sinopse do que será o vídeo, ou seja, um breve resumo do assunto que será abordado. É como aquele textinho que lemos no verso dos DVDs, na locadora. Parece bobabem, né? Mas quantas vezes você desistiu de alugar o DVD depois de ler esse texto?

Abaixo, então, o primeiro passo dessa longa jornada:


PAIXÃO DOS HOMENS - SINOPSE

Há 17 anos, o empresário Afonso Teixeira promove, em Belo Horizonte (MG), uma doação de peixes para pessoas carentes na alvorada da Sexta-feira da Paixão. A fila começa a se formar cerca de 24 horas antes do início da distribuição. O dia mais triste para os cristãos de todo o mundo começa na fila para cerca de 1.500 pessoas que, todo ano, enfrentam o sacrifício da espera por 2 kg de peixe. A alegria de receber a doação, no entanto, supera a dor e tansforma a caridade em festa. A Paixão dos pobres termina em aleluia, ali mesmo, no galpão dos peixes.

domingo, 29 de março de 2009

NEM CONVENCEU!

A Seleção Brasileira não convence. Nem a sair de casa. Neste domingo, 29 de março, dia de enfrentar o Equador pelas Eliminatórias da Copa de 2010, o belo-horizontino sequer se deu ao trabalho de sair de casa para torcer. Parece que estava antecipando a atuação sofrível da equipe de Dunga.

O tempo não ajudou. O sábado teve cara de filme de terror na capital mineira. Muita chuva, um friozinho e a neblina cobrindo a serra que abraça a cidade (veja acima). O domingo até que ia bem, e, teoricamente, não haveria motivo para o torcedor abrir mão da cerveja gelada com os amigos durante a partida. Até porque quem conhece Belo Horizonte sabe do ditado que reina por aqui: “Quem não tem MAR vai ao BAR”.

Não foi bem assim. Quando os jogadores se perfilaram para a execução dos hinos, poucos torcedores se preparavam para assistir a partida nos bares. No AstronBeer, no Buritis (foto abaixo), os clientes pareciam alheios ao jogo, ignorando, inclusive, o apelo da nova TV de 50 polegadas, investimento do proprietário focado principalmente nos eventos esportivos.



O dono do negócio, Eduardo Reis, de 29 anos (ao lado), conta que, comparados aos dias de jogos dos times mineiros da Série A do Brasileirão – Atlético e Cruzeiro –, os dias em que joga a seleção são de movimento fraco. “É como se os jogos da seleção não valessem nada. O brasileiro já tem a classificação para a Copa como certa”, diz.

O dia da semana também parece ter relação direta com o patriotismo futeblístico e a relação é matemática. Segundo Eduardo, comparado a um dia de jogo do Galo ou da Raposa, o público da Seleção no bar é de 40% em dias de semana e de apenas 20% quando a partida acontece no domingo. “Parece que quando o jogo é na quarta ou na quinta, serve como mais um pretexto para as pessoas virem ao bar. No domingo, Seleção não enche bar”, afirma.

Para aqueles que venceram o desânimo e saíram de casa ontem, em busca de companheiros torcedores da Seleção, o recado da equipe de Dunga me pareceu claro: Bem feito! O time jogou mal, passou aperto e obteve um empate injusto em 1 a 1, chegando a ter vantagem no placar. Provavelmente, no Equador, os bares ficaram lotados.

sábado, 28 de março de 2009

DEPOIS DA AUDIÇÃO, A VISÃO!

O curso Jornalismo 2.0, do Knight Center for Journalism in the Americas, solicita aos alunos algumas tarefas semanais. Isso para se certificar de que, mais que entendemos, aprendemos a fazer aquilo sobre o que estamos discutindo nos fóruns. O resultado é que estamos, todos, experimentando outras linguagens. Depois do áudio, primeiro exercício desta semana, foi a vez de editar e postar fotos no blog.
A experiência com o Infraview, programa gratuito de edição de imagens, foi bem tranquila. Acredito que com a popularização das câmeras digitais a maioria das pessoas que descarrega as fotos no computador é capaz de operar os recursos mínimos desses programas. E eles são todos muito parecidos.
Então vamos lá. Selecionei para a tarefa duas imagens capturadas no Inhotim Instituto Cultural , um incrível museu de arte contemporânea localizado na Grande Belo Horizonte e que vale a pena conhecer.

A primeira foto, era originalmente assim:




Cortada com a ajuda do Infraview, optei por fechar apenas em um detalhe do painel (veja abaixo).




A segunda foto escolhida para a atividade foi a imagem abaixo.




Desta vez, o desafio era redimensionar (resize) a imagem, que ficou assim:




E O RESULTADO É...

Como vocês podem perceber, o primeiro recurso, do corte, faz saltar detalhes que antes eram quase imperceptíveis na foto original.
No recurso de redimensionamento, por outro lado, a foto foi transformada em outra imagem, com apenas 25% de sua resolução original. O resultado é que o tratamento dado à segunda imagem manteve o enquadramento original, mas com menor nitidez (perceba a diferença nas cores). Por outro lado, neste último caso, o arquivo ficou 75% mais leve para o upload.
Aprendemos, então, que as duas ferramentas servem para situações diferentes. Quando queremos ressaltar um detalhe de uma imagem original, cortamos. Quando queremos manter todas as informações da imagem original, só precisamos redimensioná-la.

PRESIDENTE 2.0

É um pássaro? É um avião?
Não, é Barack Obama revolucionando a comunicação!!!

Quer saber mais? Clique abaixo para ouvir (você vai precisar do Quicktime).

domingo, 22 de março de 2009

CADÊ A CURA DO STRESS?

Você já experimentou comparar os resultados de diversos sites de busca para o mesmo tema? Eu experimentei. Como exercício do curso Jornalismo 2.0, tivemos uma missão, digamos, impossível em termos literais: buscar a cura do stress.Se curar o stress é impossível, encontrar um resultado eficiente para CURA DO STRESS nos sites de busca parece igualmente desafiador.
As ferramentas comparadas foram os sites Google, Yahoo!, Altavista, Radar Uol, Clusty, MSN, Ask.com e DogPile. Os cinco primeiros resultados (descartados os links patrocinados), suas coincidências e discrepâncias você pode conferir na tabela abaixo (clique para ver ampliada), que revela uma infinidade de links comerciais, blogs que citam superficialmente o assunto e até blogs de ex-alunos do curso.




REVIRANDO O LIXO

Comparar ferramentas de busca na web nos mostra que o melhor buscador está no usuário. É isso mesmo. O alto volume de informações jornalisticamente irrelevantes nos mostra que o principal elemento da procura é o senso crítico do usuário. Mais ainda, ensina que quanto mais objetivos somos ao inserir os dados de busca melhores os resultados obtidos com o uso dessas ferramentas.
Assim, uma busca com os itens CURA+STRESS+TEORIA ou com CURA+STRESS+TRATAMENTO geram resultados mais específicos, e assim por diante.
Outro dado interessante é o bom posicionamento de alguns blogs em vários dos sistemas de busca utilizados. Prova disso é a frequência dos blogs Lixo Tipo Especial e Jornalismo 2.0 e Outras Estórias no resultado das buscas.


UM É POUCO? DOIS É DEMAIS!

Diante do grande número de coincidências na comparação dos resultados dos buscadores, fica claro que, ao usuário, basta escolher o que mais lhe agrada e inserir o maior número de dados possível sobre a busca desejada. A escolha das palavras-chave é mais importante para a eficácia da busca que a ferramenta da Web oferece. Lembrando que, segundo estimam especialistas, nenhum dos sites de busca cobre mais que 20% do conteúdo da Web.
Então, mãos à obra e... boa sorte!


quarta-feira, 18 de março de 2009

AVALIAÇÃO DO RSS

Tarefa do curso Jornalismo 2.0, minha avaliação do leitor de RSS foi feita em duas frentes. Na primeira, conforme pedido no exercício, baixei e configurei e, casa o FeedDemon, sem nenhuma dificuldade. Assinei atualizações de dois weblogs ligados a jornalismo e tecnologia e acompanhei as atualizações com uma comodidade que realmente me surpreendeu. Nessa parte do trabalho, avaliei o processo de instalação como facílimo e a tarefa mais complicada – ainda assim, muito simples – foi escolher o leitor de RSS.
A outra frente da avaliação ocorreu no trabalho e veio a partir da leitura da íntegra do primeiro chat do curso, do qual não participei. Como no jornal não podemos fazer downloads de programas nos terminais que utilizamos, decidi usar, lá, o Google Reader. Além disso, como minha necessidade de informação é completamente diferente no ambiente profissional, configurei para o Reader a atualização de dois sites de notícias ligados de alguma forma a agências de notícias que assinamos (UOL – Agência Folha e Estadão.com – Agência Estado). Dessa forma, o Reader mostrava as atualizações dos dois na mesma tela, aberta durante todo o meu expediente, me poupando o trabalho de pelo menos três comandos por vez para consultar cada agência no programa de edição da empresa. Quando entrava alguma atualização que me interessava publicar no jornal, aí sim eu ia ao diretório da agência procurar a matéria que me interessava – ou avisava aos subeditores específicos que o fizessem.
A configuração do Reader é facílima e sua maior vantagem é ser um serviço “internet based”, ou seja, que pode ser acessado de qualquer computador, bastando fazer o login. Ao chegar ao trabalho, tinha o inconveniente de ver diversas atualizações que não pude acompanhar (desde o dia anterior). Mas também é fácil marcar todas como lidas e, assim, “zerar” o dia.
O aprendizado mais importante proveniente deste exercício é a importância de ser seletivo. Não adianta querer acompanhar as atualizações de muitos sites ou weblogs via RSS ou Reader. O resultado é uma avalanche de notificações que acaba gerando um stress terrível. O ideal é só assinar o RSS dos endereços de que realmente queremos monitorar TODAS as atualizações. Caso contrário, é melhor visitar o website uma ou duas vezes ao dia, ou, no caso dos portais onde o serviço é disponível, assinar o RSS de seções específicas, em vez de monitorar todo o portal.

domingo, 15 de março de 2009

It takes two to tango


A diferença básica entre a Web 1.0 e a Web 2.0 é exatamente a unidade que o nome sugere: um a mais, o usuário. O que, no início, era uma relação unilateral, com empresas e pessoas postando conteúdo em seus sites 1.0 para quem os acessasse, torna-se bilateral – e, consequentemente, multilateral -, a partir do momento em que é facultado ao usuário o direito de gerar, selecionar e personalizar o conteúdo dos sites.
A mudança de nomenclatura serve para marcar o momento de uma transformação importantíssima na cultura virtual e na forma como a sociedade interage com a web, de um modo geral. Isso, por si só, valeria a marca 2.0, até pelo didatismo de marcar um momento a partir do qual antigos conceitos são reformulados. Na Web 2.0, o usuário não mais acessa os sites, mas participa deles, interage com outros usuários e reproduz a vida social num ambiente virtual mais democrático e pessoal que o anterior, da Web 1.0.
As novas tecnologias foram fundamentais para essa mudança de parâmetros, mas diante da velocidade com que as tecnologias se superam nas últimas décadas, é a mudança sociológica proporcionada pelo advento da Web 2.0 que chama mais atenção. Isso porque o foco da web sai do conteúdo e se volta ao usuário, que com ele se mistura. Perfis pessoais, agrupamentos em torno de interesses em comum, tags, rankings, postagens e comentários nada mais são que expressões individuais compartilhadas. A partir daí, assim como fisicamente, em um estádio, torcedores se agrupam sob a chancela de uma torcida, no ambiente virtual formam-se grupos sociais baseados nos interesses e afinidades dos usuários, a partir, justamente, das informações que eles compartilham com os outros.
Os sites 2.0, personalizados de forma que a cada usuário é exibida uma página principal diferente, possibilitam, inclusive, uma espécie de apropriação de hardware, já que, ao executar o login, o internauta passa a ter, em qualquer máquina conectada, todas as suas configurações pessoais disponíveis.
Dessa forma, a principal diferença entre Web 1.0 e Web 2.0 parece ser o foco da atenção, sendo que, na primeira, ele está no conteúdo postado pelo gerenciador dos sites e, na segunda, no usuário.
Alguns autores classificam o foco da Web 2.0 como sendo o conteúdo – produzido pelos usuários. Na minha opinião, essa é uma leitura equivocada, já que a publicação desse conteúdo só é possível porque o foco está no usuário. Dessa forma, o conteúdo que o usuário publica na Web 2.0 é apenas conseqüência da autonomia e da importância que ele detém nesse modelo. Importante considerar, também, que grande parte desse conteúdo é nada mais que a expressão da individualidade desse usuário – dados pessoais como idade, sexo, interesses, gosto musical e até preferências gastronômicas.
Na Web2.0, o usuário deixa de ser o “acesso número 105.698”, por exemplo, para ser um avatar de sua representação real. Ao acessar um site como Facebook, Orkut, Youtube ou MySpace, cada usuário ganha nome e sobrenome (reais ou fictícios, de acordo com a sua escolha), amigos, ambientes que gosta de freqüentar, músicas que gosta de ouvir, e se expressa por meio das saudações, comentários, textos, fotos e vídeos que publica, personalizando sua “existência virtual” e influenciando o comportamento virtual de outros “N” usuários que com ele interagem.
Essa é a verdadeira revolução. A Web 2.0 possibilitou a entrada de pessoas na rede, transformando os passivos leitores/consumidores de conteúdo, que antes orbitavam em torno dos websites, em núcleos autônomos, interligados e, sobretudo, críticos. A Web 2.0 marca o momento em que o usuário se apropriou da web, que deixou de ser a “casa alheia”, aberta à visitação, para ser a megalópole que abriga a casa de cada usuário.
Alguns críticos dessa mudança de nomenclatura argumentam que a Web 2.0 é nada mais que a mesma Web 1.0 em evolução, ou seja, que mudar o nome não passa de uma jogada de marketing. No entanto, uma conjunção tecnofilosófica que transforma números em indivíduos parece merecer, no mínimo, um novo nome. Que seja, então, 2.0, para lembrar que a web só “acontece” quando há mais de uma pessoa envolvida, mais de uma ponta ou mais de um começo. Afinal, “it takes two to tango".